choque de gestão

Wednesday, March 28, 2007

Esforço

Abrir a janela, a cortina,
esse gesto tão pesado,
um esforço.
Eu adio.
Para não ver o dia claro,
as pessoas apressadas,
os carros subindo,
você indo ou voltando de casa.
Não ter de sair, falar, ouvir.
Hoje é assim _dia de usar
um travesseiro no rosto molhado
e outro entre as pernas.
Pensar ainda no que ainda
faz de mim tão triste.

Friday, March 23, 2007

Endereçado

E a falta que me faz o jazz?

Thursday, March 15, 2007

masoquismo

se a queda é sempre certa,
previsível,
é possível aprender a cair
sem se machucar?
vestir joelheiras e capacete
e ficar desconfortável?

ou é mais sábio ficar
afastado da janela?
lá no quarto, onde não há perigo,
onde é possível ser inatingível,
invisível, soberano, garantido.

mas e o masoquismo?

Monday, March 12, 2007

Fator Milo

E, se este espaço fosse impresso, este texto seria um box do de baixo.

Porque é preciso dizer que, em São Paulo, você tem que escolher entre a) ouvir boa música e ser desejado tanto quanto um poste ou b) ser desejado e sublimar sua intenção de dançar ao som de boas canções.

Minha tropa de choque não encontra muitas explicações para tal fenômeno. (Antes, é preciso dizer que nosso conceito de boa música inclui rock, velho e novo, electro, novidades e músicas dançantes em geral, como um Justin Timberlake. Para dançar, pouquíssima música em português, por gentileza.)

Isso posto, o lugar e a hora que mais nos agradam sonoramente é o sábado no Milo, um cubículo barato em forma de casa noturna roqueira. Apesar das noites divertidíssimas que já gastamos lá, poucas delas incluem resultados satisfatórios em termos de relação homem x mulher ou homem x homem.

As pessoas são oks, se vestem de acordo com nossos padrões de qualidade, cantam como a gente as músicas, mas não, ninguém se olha, ninguém se deseja. Como diz uma amiga, as pessoas levam o Milo a sério demais e não sobra tempo para o flerte.

Entre as noites em que somei pontos, a melhor delas, vejam só, foi quando beijei inesperadamente uma mulher. Ou seja, o Milo quase fez de mim uma lésbica. Depois disso, meus primeiros beijos na tal casa foram praticamente obtidos após súplicas, o que, convenhamos, não me é muito comum. Acabei desistindo desse tipo de diversão por lá. Já nem gasto meus melhores figurinos se a noite for na rua Minas Gerais.

Assim tem sido o Milo. E nem por isso a gente vai deixar de ir lá. Lá é para dançar de olhos fechados, cantar aos berros e perder calorias. Para outros fins, existem os moradores dos outros Estados da Federação, outras casas noturnas, festas dos amigos, bares, formaturas, supermercados e etc. Só não espere muito do som.

Diversão fácil e barata

Não deixarei que o tédio do mundo político _que só anda ganhando manchetes às custas das declarações sexuais do Lollo_ contamine minha própria existência. E é por isso que tenho tirado diversão de eventos simples, banais mesmo, que não envolvem nenhum tipo de expectativa além da diversão e da boa conversa.

Como uma cerveja barata e gelada no Esquina Grill, o bar que mais fui neste 2007, mas que ainda não é o bar "where everybody knows my name". Até porque nem quero que isso aconteça. Minha nova fase inclui ser desapegada de tudo, até dos garçons. França, Aílton e afins ficaram em 2006. Por favor, nem me diga seu nome.

Sentar numa cadeira de plástico, não se incomodar com o barulho da esquina, com a moto pipoquenta, com o sumiço temporário do garçom... Basicamente, só são necessários um lugar para sentar, companhias agradáveis e uma pessoa para te servir. E tem ainda o prazer de voltar a pé para casa na hora em que quiser.

Tanto é que meu fim de semana começou no Esquina Grill, passou por uma formatura com muita família e terminou no Frango com Tudo, parte do império da Lilian Gonçalves na Santa Cecília. E foi um dos finais de semana mais produtivos em termos de histórias e risadas.

A formatura, por exemplo. Eu nunca tinha me divertido numa formatura, nem na minha. Mas tive momentos de pura felicidade no sábado. Por quê? Porque o champanhe era ótimo e abundante, porque agora eu adoro meus familiares, porque o Jorge Ben Jor tocou músicas antigas e não só "W/Brasil", porque eu estava bonita sem estar parecida com um bolo infantil, porque meu primo tem amigos interessantes e que constroem pontes e edifícios, porque mesmo bêbada sou capaz de concluir que o Poder Judiciário é pior do que o Legislativo e por aí vai.

Um dia depois, mesmo tendo trabalhado, sentei-me com duas das companhias que mais amo ter por perto e rimos muito das nossas noites de sábado _a minha totalmente inusitada e com final feliz, a deles, um fracasso retumbante, num lugar em que era possível pegar tétano ou uma micose de pele, segundo relatos.

O que mais é preciso para diversão além de cerveja e amigos?

Uma noite com boa música, o que tento fazer uma vez por semana; uma interessante e nem sempre correta conversa sobre os rumos políticos do país, o que faço sempre, ao vivo ou por email; sexo, que tem sido acessível; boas séries de TV, livros e outras fontes convencionais de bons momentos.

Amores? Não têm feito parte da minha fase desapegada e sincera _afinal, o amor é a antítese da diversão.

Wednesday, March 07, 2007

Dia temático

12h22 - Porteiro me entrega um livro deixado por "meu amigo Mauro". Eu choro

12h35 - Fulano me busca para almoçar e paga minha conta. Observatório da imprensa

14h26 - Encontro na rua a mãe do Ciclano, que aniversaria hoje. Década de 90

16h48 - Troco emails informativos e divertidos com "meu amigo Mauro". Fim do tabu

21h34 - Na conversa com Beltrano, ele deixa escapar um "gracinha". Gafe

23h49 - Chego em casa e vou dormir sozinha

moral da história: Sou melhor ex-namorada do que namorada

Friday, March 02, 2007

Um dia bom atrás de outro dia bom

1) Quatro convites interessantes para sair, dois de homens de fora de São Paulo. Ganhou o amigo de Minas. Duas mensagens lindas recebidas. Uma divertida conversa no MSN. As risadas dos amigos, as piadas inteligentes, a necessidade de o Dirceu voltar, sempre ele. Os relatos do Carnaval, ainda ele. O prazer e a delícia de ser solteira. A minha companhia.

2) Um dia lindo. Uma mensagem linda recebida. Um telefonema feliz. Agora eu faço exercícios físicos. E vou tentar parar de fumar a médio prazo. Tomar sol, tomar sol, tomar sol. Ser olhada. Ser elogiada. Comer pouco, mas bem. Andar, andar. As minhas músicas no sol. Uma quase desidratação. O Sawyer, o abdôme e o sarcasmo inteligente do Sawyer. A minha companhia.