choque de gestão

Friday, December 29, 2006

As duas chuvas

Começou com muito amor ou com algo muito parecido. Ainda lembro da imitação do Tim Maia, da aula única de francês, das comidas, dos livros publicados ou não. Lembro dos fogos, do filminho com minha voz estridente e bêbada, da chuva. Da chuva que caía sem parar. De olhar a chuva que caía sem parar. Deitada, abraçada, admirando a chuva que caía sem incomodar. Não sei se existe felicidade nem o que essa palavra significa. Mas aquelas horas podem ser classificadas como um extrato dessa coisa chamada felicidade.
Começou com muito amor, mas ele não resistiu. E o ano que teve seu início tão incrível ficou triste como nunca outro tinha sido. E, de repente, olhar a chuva já não fazia mais sentido. E, por isso, nenhuma outra gota ficou guardada na minha memória. Não sei dizer ao certo o que é felicidade, mas fui apresentada a uma tristeza sem igual.
E assim foi por um tempo até que a vida se reorganizou, com nova casa, nova rotina, mais amigos, menos amores. Aos poucos, as lágrimas foram sendo ultrapassadas pelos risos. A agenda positiva funcionou. Os resultados vieram, acompanhados de mudanças. Passou.
E pouco antes de ele, o ano, terminar, uma outra chuva virou inesquecível. O cenário era outro, a proximidade dos corpos era outra, a intensidade dos pingos era menor; tudo estava diferente. Quase tudo _a tranqüilidade tirada daqueles braços, daqueles abraços, continuou imensa. Mesmo depois de tudo o que aconteceu neste ano.

1 Comments:

At 1:02 PM, Anonymous Anonymous said...

" O mesmo amor, a mesma chuva" Campanella

 

Post a Comment

<< Home