Não-acertos
De novo aquela sensação estranha, como se os órgãos estivessem sendo esmagados, apertados, uma dor que não é dor, que não sei dizer de onde vem. E é ela que me faz acordar cedo quando há ainda muito sono. A cabeça cheia _os detalhes, os papéis, o dinheiro, as conversas, as risadas, as palavras, a mágoa e a esperança. Tudo junto, e eu agüento. Eu prefiro ter mágoa a ter raiva.
Eu não sei, mas desconfio que a esperança é o pior sentimento do mundo, o mais traiçoeiro. (E essa palavra é até meio cafona, mas é a que se encaixa, porque está entre expectativa e fé.) Mas (quase) toda a angústia vem daí: eu sempre tenho esperança.
Eu não me arrependo, mas também tenho medo, muito medo, e também não quero mais errar. Só é muito triste ver o quanto foi dito em vão, quanta esperança foi desperdiçada lá atrás. E é horrível o seu esforço extra para sentir o meu cheiro quando me cumprimenta, sempre encostando os dedos no meu cabelo. Não, não faz isso, porque é jogar na minha cara todo o meu fracasso.
5 Comments:
"o brilho cego de paixão e fé, faca amolada".
"amar é viver
é um doce prazer, embriagador e vulgar
difícil no amor é saber renunciar".
momento apropriado.
eu quero.
uma vez eu vi uma camiseta linda, na galeria ouro fino, com os dizeres "esperança: essa deusa enganadora". custava R$ 110;
esse é o seu melhor texto.
totalmente enganadora...
fool me, fool me.
(é ótimo receber elogio da minha mentora.)
a menina no deserto disse do não-esquecimento, a menina do choque do não-acerto. será esse último diferente do erro assim como a lembrança o é do primeiro?
se errar é humano, não-acertar será divino?
(aquele poema neoconcreto: LEMBRA)
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