Sábado sem mudança
Eu não quero mais ficar aqui, mas estou. Mas será por pouco tempo, tem de ser. Descontente agora, mas ainda desconfiada de mudanças: pode ser muito bom ou pode ser muito sofrido. Desde 2002, me mudei algumas vezes _Teodoro Sampaio, Saint Hilaire, Ministro Rocha Azevedo, um pouco de Apiacás, de volta para Aluísio de Azevedo.
Uma das mudanças mais felizes foi a ida da Teodoro para a Saint Hilaire, um enorme passo. Ainda me lembro do dia em que ouvi o pedido, a pergunta e a declaração. Ainda não havia medo naquela época. Em seguida, meses realmente felizes e de novidade, dignos de um bom começo. As tardes de sábado com sol eram preguiçosas, musicadas. As noites de domingo passavam longe do "Fantástico": os amigos vinham e riam e bebiam. Mas acabou, enchi as caixas e fui embora.
Voltei a apreciá-las _as tardes de sábado_ no pouco que fiquei na Apiacás. Aquelas janelas faziam qualquer tarde parecer tranqüila e silenciosa. O vento entrava, passava por cima dos nossos corpos desprotegidos e nos refrescava quando era preciso refrescar. Era difícil levantar; igualmente difícil deixar as janelas e ir embora. Mas fomos.
Agora estou sem aproveitá-las tanto, as tardes de sábado. Muito sono, pouca privacidade, quase nenhuma companhia. Os amigos trabalham, dormem, namoram. Acho que é por isso que voltei ao cinema. Apesar da preguiça, da fila, da espera e etc., é um bom refúgio para os solteiros e suas tardes supostamente entediantes.
Janelas e vento, eu os terei. Também será um começo _e um enorme passo. Os corpos? Talvez não existam mais corpos desprotegidos. Estão todos blindados agora. E distantes (ainda que tão próximos).
1 Comments:
se eu pulasse pela janela agora, minha couraça talvez dissolvesse, nesta chuva.
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