Prioridades
Eu careço de tanta coisa, mas insisto em listar no topo das prioridades um óculos de sol absoluto e definitivo. Preciso de um que a parte de baixo não encoste na minha saliente maçã do rosto quando eu sorrir e que a parte de cima não encubra as minhas sobrancelhas. Que a lente seja preta, bem escura, e que ele seja com armação de massa, e não de metal. E isso é muito difícil de achar. E, como eu quase já fiquei cega usando um óculos chinfrim, de R$ 10, quero um de qualidade internacional, ISO 9000.
Bom, mas mesmo sendo meu desejo #1, vou ficar me devendo o tal óculos de sol absoluto. É porque o restante da lista é mais urgente agora. Eu preciso pensar em móveis, eletrodomésticos e periféricos. (E justamente quando estava pensando nessas coisas e escrevendo isso recebi uma notícia incrível do meu querido ex-marido, que resolveu ser legal e me dar coisas que um dia foram da nossa casa, como o DVD e a caixa de ferramentas que ganhei do meu estimado padrasto. Tá, é porque ele vai casar. Mas eu não tenho pudores e vou aceitar feliz!)
Diante da grandiosidade do fato que está prestes a acontecer na minha vida, preciso me concentrar nos itens da lista que não são óculos, roupas e demais supérfluos. Tenho que ter dedicação total à minha futura casa, que vai ser mini, mas vai ser minha, só minha. E eu preciso calcular tudo bonitinho, para ela ficar confortável. E eu só tenho cabeça para pensar nisso agora.
Já visualizei todos os detalhes, dos lustres às toalhas de banho, minha pequena obsessão. Eu tenho TOC com tolhas de banho _elas precisam ser grandes e boas e limpas. E eu tenho aflição de dividir toalhas de rosto com outrem, mesmo que elas sejam íntimas. E tem outra coisa: também me angustia dividir o cesto de roupas sujas, misturar peças de alheios com as minhas. E é por essas coisas _e por outras_ que estou indo morar sozinha. Será a primeira vez que farei tudo isso sem nenhum tipo de par e, preciso dizer, estou adorando este momento de autonomia total.
(Este post ficou meio histérico, mas é parte fundamental do choque de gestão!)
3 Comments:
Fundamental!
O eletricista Charutinho tinha as pontas dos dedos queimadas. Costumava vaticinar: 220; 110. Para em seguida, com os dedos em pinça, unir as polaridades da chave elétrica e conferir o acerto.
Por descuido ou inexperiência eu, que não tenho aqueles dedos toscos, deixei de acreditar na minha intuição, tornando-me vítima de choques desnecessários. Falhei na gestão de minha própria vida, tantas vezes... Valeu a pena? Penso no poeta.
A poética do espaço... O exterior acaba refletindo o que a gente é por dentro: memoro aqueles bibelôs todos das casas brasileiras, canecas e gatos de porcelana, etc. Ou mesmo as panelas ariadas da cozinha de vovó, aquela sim uma criatura brilhante, limpa, quase espelho por dentro.
Sabe que eu até me sinto um vitorioso: o problema do óculos, que não é espelhado, eu resolvi! De grife, pago em quatro suaves prestações, no valor total de R$ 500,00. Deve fazer um ano mais ou menos, eu ainda era bem casado e foi num shopping de outra cidade, última peça, durante visita à sogra.
Aliás minha ex-mulher ligou-me dias desses, pra efetuar a partilha de móveis, eletrodomésticos e periféricos. Eu não quero encontrá-la agora e pedi para que ela continue fazendo suas escolhas, afinal foi ela que quis ir embora de nós.
Sei lá, a postagem deixou-me cúmplice, e eu já havia pensado nesse depoimento: a micha não é mixa! (e a gente nem se conhece).
Prezado anônimo,
Separe o telefone do Charutinho, que futuramente me pode ser útil!
O óculos de sol: certa vez achei o melhor do mundo. Era lindo, não podia me vestir melhor. Não era de grife, mas tinha qualidade. E era baratinho, não chegava a 200, lente de grau incluída. Mas tinha um problema: quando eu piscava os cílios roçavam na lente (tenho cílios longos). E não houve solução, tive que abrir mão dele. Uma renúncia triste e doída, como se eu tivesse me apaixonado e tivesse que deixar a moça por minha iniciativa própria.
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